Valérle Lemercier conseguiu fazer um simpático filme de crítica dos costumes com forte pegada popular e economia de recursos. Ela mesma dirige, atua e divide a autoria do roteiro com Sabine Haudepin. (Esse é mais um filme de qualidade da recente safra do cinema francês. Antes de ir para o circuito comercial esteve presente no Festival Varilux de Cinema de 2017.
Marie-Francine (a personagem título) tem cinquenta anos, trabalha num laboratório fazendo pesquisas de ponta, é casada e tem uma filha. Mas a vida não pára Seu marido a larga por uma novinha na faixa dos vinte, seu trabalho deixa de existir e ela fica nua em sua cidadania, não consegue lugar para morar por não cumprir as exigências do mercado de imóveis e vai morar,a título precário,com os pais. E o que pode acontecer numa situação dessas? Um vale de lágrimas,isso é óbvio Não. ledo
engano. O que vemos na tela nos fornece um vale de gargalhadas, risos e que tais.
Tudo o que acontece com ela é mostrado com bom humor, tiradas de espírito, sagacidade e uma refinada Ironia tal como se fora açúcar de confeiteiro.
Marie-Francine é infantilizada pelos pais (e por muitas outras pessoas) . Sua mãe é de uma expressividade histriônica - parece estar o tempo todo fazendo propaganda de sabonete ou algo do gênero - e lida com ela como se estivesse falando com uma pré adolescente ou mesmo uma criança em fase de crescimento Seu pai e ranzinza, gosta de ler e escrever,mas no fundo não passa de um chato Ao voltar ao ninho familiar ela é tratada como um incômodo mais ou menos necessário. A moça tenta vários empregos sem sucesso, mas, por fim,essa dupla do barulho que são os seus genitores consegue que ela vá trabalhar numa loja de cigarros eletrônicos.
O fado.A divertida e romântica trilha sonora é composta em grande parte por músicas portuguesas e músicas estrangeiras cantadas em francês. Isso não é nenhuma bizarrice, afinal,os pais de Miguel são portugueses. E o que há entre Miguel e Marie Francine é uma coisa portuguesa com certeza,é com certeza uma coisa portuguesa. Mas não de todo.
Miguel é um homem sensível, gentil, doce e um mestre na arte culinária. Sua vida pessoal passa por atribulações parecidas com as de Marie Francine. Ele a tenta comum pote feliz contendo, a cada vez,os pratos mais originais que consegue criar para o agrado e a sedução da jovem cinquentona. Um Romeu & Julieta de meia idade, mas que se parece com o amor aos trinta. Marie-Francine é uma balzaquiana para os dias de hoje.
O ex dessa moça madura quer reatar o laço que ele mesmo destruiu. Vai visitá-la disfarçado de Marie. Ou de Francine. Quer seduzi-la, refazer o ninho, recuperar seu lugar de macho dominante na vida dela. Mas avessos nem sempre dão certo. A mulher contemporânea tem orgulho de ser gente Simone de Beauvoir deixou seu legado na sociedade Uma fêmea não serve só para a saciedade do macho.
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Marie-Francine {"50 São os Novos 30" em português) é um filme gostoso de ver. Pode se degustá-lo com leveza. Apreciar suas idas e vindas, seus encontros e desencontros, suas gafes e ridículos comportamentos com uma generosa dose de alegria, curtindo sua música de cena: "O balancê, balancê / Quero dançar com você / Entra na roda morena pra ver / O balancê, balancê. [. ..] Eu levo a vida pensando / Pensando só em você / E o tempo passa e eu vou me acabando / No balancê,balancê.
"50 São os Novos 30" (Marie-Francine) [1h 35 min 2017] Marie Francine c'est une Femme
Gênero: comédia romântica/ ácido suave
Direção: Valérie emercier
Roteiro. Valérie emercier e Sabine Haudepin
Com Valéríe Lemerc er (Marie-Francine). Patrick Timsrt (Miguel), Héléne Vincent (a mãe), Philippe
Laudenbach (o pai), Denis Podalydés (o marido), Nadége Beausson Diagne, Geraldine Martineau (Carohne?),
Trailer: aqui
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