Suas digitais em mim: Ano bom


 





Para tudo, antes de você comece a ler o conto aperta o play na playlist que preparamos inspirada no casal que ilustra essa Campanha.

https://open.spotify.com/playlist/1DLfZaRK75WkIF43UxAavG

    Ela já tinha desistido. Não sabia mais a que santo iria se apegar. Santo Antônio não tinha lhe arrumado um bom marido. Santa Edwiges, definitivamente, não lhe ajudava com as dívidas. Eram muitas. O seu saldo no banco parecia tão magro que ela podia contar-lhe as costelas, ou melhor, os zeros à esquerda. São Cristóvão também não estava nada a fim de colaborar, seu carro tinha sido multado e rebocado para um depósito público, e a carteira de motorista, apreendida. Este era o status da sua vida naquela virada de ano...

    Tirou as sandálias, e esgueirou-se pela mureta, equilibrando-se até sentar-se à beira de uma rocha, na pedra do Leme, onde o mar insistia em arremessar com força as suas ondas naquela tarde de ressaca. Seria praticamente indolor.  Janaína ficaria ali até que o oceano a arrebatasse e a levasse para o fundo.  Seus problemas estariam finalizados. O divórcio recente, a traição, a situação financeira, tudo isso ficaria para trás, e ela, enfim, conseguiria a tão sonhada paz. Só lhe faltava coragem... Ela queria que fosse de uma forma natural. Sentia-se tão vazia, tão inútil, que nem dar fim à sua medíocre existência seria capaz. 

    Pensou em tomar chumbinho, veneno, em pular da Ponte Rio Niterói, cortar os pulsos. Mas que nada... Até para isso era frouxa. Por isso escolheu aquela modalidade de morte. Tinha visto em um filme. A mocinha resolveu tentar o suicídio da mesma forma que ela. A única diferença é que a personagem estava em uma praia havaiana, com ondas gigantescas, e Janaína, estava ali no Leme mesmo. Mas isso era apenas um detalhe...

 Ficaria parada até que viesse uma onda mais forte e a varresse da pedra. Só de pensar dava um frio na barriga... Pelos seus cálculos, do lugar onde estava, com sorte, morreria logo que a grande onda a encontrasse. Talvez batesse a cabeça nas rochas, ficasse desacordada, e não visse mais nada até que a água lhe invadisse os pulmões e seu corpo fosse para o fundo, para boiar em seguida, quando a encontrassem.

 O local estava interditado, já anoitecia, e o tempo estava muito ruim, não havia ninguém por perto que pudesse impedi-la. Melhor assim, pois quando dessem por ela, já estaria no fundo do mar, nos braços de Iemanjá, e as pessoas seriam poupadas do desespero da cena. Ela mesma não gostaria de presenciar algo semelhante. Ficaria traumatizada pelo resto da vida.

Enquanto a tal onda não vinha, fez uma retrospectiva do ano de dois mil e quinze... Tudo tinha começado ali, na praia do Leme, no réveillon passado.  Talvez por isso tivesse escolhido aquele lugar, inconscientemente, para fazer o seu grand finale.  As cenas do ano anterior dançavam em sua mente, e se fundiam, como num caleidoscópio. Ela quase não acreditou quando aquele homem de média estatura e ombros largos se aproximou quase à meia-noite, hora da virada. Foi amor à primeira vista. Logo ela, que nunca tinha gostado de ninguém de verdade, tinha se encantado por Gabriel.
Ele parecia estar apaixonado por ela e o casamento relâmpago viria apenas oito meses depois de terem se conhecido. O homem tinha pressa... 

— Janaína, meu amor, pra que esperar?  Eu te amo, você me ama, somos adultos... Temos onde morar, estamos bem empregados... Então porque eu devo continuar a dividir um apartamento com mais dois amigos do quartel, enquanto você mora sozinha? A gente se casa, eu vou morar com você, abrimos uma conta conjunta, vamos economizando, e quando tivermos dinheiro suficiente para comprarmos um apartamento maior, vendemos o seu, juntamos as economias, e nos mudamos.  
Ela achou razoáveis as ponderações de Gabriel, que se apresentava como Tenente da Marinha, embora ela nunca o tivesse visto fardado, e acabou concordando com o casamento. Mais do que isso, estava eufórica. Janaína era funcionária pública, concursada, da prefeitura do Rio de Janeiro, onde trabalhava desde os dezenove anos, e a única solteira da repartição, aos trinta anos. 

No dia da cerimônia lá estava ela. Buquê, véu, grinalda e flor de laranjeiras. A família tinha vindo do Tocantins. Só faltava um detalhe: o noivo.
Gabriel não apareceu. Aliás, ela tinha descoberto que ele não era oficial da Marinha coisa nenhuma e que havia limpado sua conta bancária. Na verdade, seu nome nem era Gabriel. Era Ronaldo, um estelionatário, que estava sendo procurado. A ficha corrida do homem era um pergaminho. Já tinha dado o golpe em várias “solteironas” e ainda por cima havia limpado suas economias na poupança. Ela não suportou a vergonha e sumiu por uns tempos. Tirou férias na repartição. Não queria ver ninguém. Já fazia três meses e meio do acontecido e a moça continuava com a ideia fixa de se matar.

    Janaína continuava imóvel na pedra do Leme, esperando vir a tal onda que a levaria para junto de Iemanjá. O mar estava mais agitado. Ficou de pé, fechou os olhos e abriu os braços. Seria rápido. 

    Já ia perdendo o equilíbrio, quando sentiu braços fortes a enlaçarem pela cintura e a puxarem para trás. Abriu os olhos. Descobriu que estava sendo resgatada pelo Corpo de Bombeiros. Um pescador que tinha chegado ao local, chamou os bombeiros, pois pressentiu o que a moça estava prestes a fazer.

    Foi nesse momento que conheceu André: o bombeiro que a tinha salvado da estupidez que iria cometer. 

    Ele se apaixonou por Janaína, que, traumatizada, jurou nunca mais amar ninguém. Com paciência e muita insistência, ele venceu a resistência da moça e marcou o primeiro encontro para valer, três meses depois de terem se conhecido.
A moça tomou um banho demorado, lavou, secou e escovou os cabelos. Escolheu criteriosamente a lingerie. Enquanto observava seu corpo curvilíneo no espelho, ocorria-lhe se André a apreciaria como veio ao mundo. Era muita expectativa. 

O rapaz não estava menos ansioso. Tomou banho, fez a barba, passou perfume, escolheu sua melhor roupa. Estava preocupado em agradar Janaína. 

Depois de uma hora e meia de preparação, e muitas roupas espalhadas em cima da cama, ela estava pronta: Vestido preto com estampas florais, um decote pronunciado e sandálias de salto finíssimo, conferindo-lhe um ar de mulher fatal. A lingerie também era da mesma cor. Renda. Ela amava renda. Finalizou com brincos de pedra pendentes e um batom vermelho. Vestida para matar. Gostou do que viu no espelho. Agradeceu silenciosamente aos céus por não ter se matado naquele dia, e por ter sido salva por André. Ela não queria dar o braço a torcer, mas tinha se apaixonado por ele.

Foram jantar em um restaurante discreto, em Botafogo. Ele  estava muito elegante, com uma camisa social com as mangas dobrada e um jeans escuro. O casal chamava a atenção, não só pela beleza, mas pelo clima de sedução que pairava no ar.


A primeira noite de intimidade entre os dois também tinha sido perfeita: Primeiro um beijo tímido e depois carícias mais ousadas. Sem pressa, ele a despiu. Peça por peça. Foi excitante vê-lo abrir o zíper do seu vestido, deixando o deslizar por suas curvas até formar uma nuvem de tecido aos seus pés.

André a observou, e tirando sua lingerie, primeiro o sutiã, depois a calcinha, foi deixando uma trilha de beijos no pescoço, seios e lá... 
Janaína estava pronta para recebê-lo, não sem antes presenteá-lo com aquela carícia que deixa todo homem louco.

Ela ajudou-o a colocar a camisinha e pôde senti-lo da maneira mais íntima possível. No começo suas investidas foram suaves, mas depois, foram se tornando mais ousadas, com direito a mordidinhas na orelha, ombros e quando mudaram a posição e ele ficou por trás, enquanto ela mantinha as mãos espalmadas sobre a cama, ele tracionou sua nuca puxando-lhe de leve os cabelos. 

Os sons que se espalharam pelo quarto foram suspiros, sussurros e gemidos e a atmosfera não podia ser mais erótica.

A noite terminou com o casal envolto nas cobertas, fazendo juras de amor e com as pernas entrelaçadas. Adormeceram abraçados, de conchinha. 

Casaram-se no ano passado, discretamente, em um cartório em Copacabana. 
    Hoje podem ser vistos na costumeiramente na Pedra do Leme, passeando de mãos dadas e celebrando a vida. 

    Todo dia trinta e um de janeiro, Janaína faz questão de jogar flores para Iemanjá, a quem atribui ter sido salva da morte e por ter lhe trazido o homem da sua vida.


Escrito por Adriana Vaitsman





Essa campanha é uma produção de:



Modelos : 
Lucas Cordeiro e Thayna Abrahão
Curiosidade : Ambos são um casal real e estiveram em sua primeira experiência como modelo.

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